A legalização da maconha está se tornando uma grande ameaça para a indústria de bebidas alcoólicas, já que muitas pessoas estão trocando o álcool por cannabis, segundo alguns analistas financeiros. Um relatório da Bloomberg Intelligence (BI) sugere que a queda nas vendas de vinhos e destilados pode se prolongar por conta disso, principalmente porque o acesso à maconha legal está aumentando, além da popularidade de bebidas prontas para consumo, como os drinks em lata.

Eles estimam que a combinação entre o acesso à cannabis e a mudança no que os consumidores buscam está impactando marcas famosas como a Constellation Brands, dona de rótulos como Corona, Modelo e Pacifico, que já sentiu uma redução de 16% no valor de suas ações.

A pesquisa, realizada com 1.000 adultos em agosto, mostrou que quase metade dos entrevistados afirmou usar maconha no lugar do álcool pelo menos uma vez por semana, e 22% disseram que consomem cannabis com mais frequência do que bebidas alcoólicas. Com o aumento da legalização da maconha nos Estados Unidos, a BI acredita que a cannabis vai se tornar uma ameaça ainda maior, especialmente para cervejas e vinhos, que têm preços mais acessíveis em comparação com os destilados.

Outro relatório, de um grande banco de investimentos, também indicou que a maconha está se tornando uma concorrente de peso para o álcool. Eles preveem que, nos próximos cinco anos, o número de consumidores regulares de maconha vai crescer em 20 milhões, enquanto o mercado de bebidas alcoólicas pode perder alguns milhões de bebedores. Em 2027, as vendas de cannabis nos EUA devem atingir a marca de 37 bilhões de dólares.

No Canadá, onde a maconha é legal em todo o país, um estudo mostrou que a legalização foi acompanhada por uma queda nas vendas de cerveja, o que reforça essa substituição do álcool pela maconha.

Pesquisas recentes também apontam uma mudança na forma como os americanos veem a maconha em comparação ao álcool. Uma pesquisa da Gallup revelou que muitas pessoas consideram a cannabis menos prejudicial do que álcool, tabaco ou vaporizadores de nicotina, e mais adultos agora fumam maconha do que cigarro.

Outra pesquisa, feita pela American Psychiatric Association (APA) em junho, mostrou que a maioria dos americanos acredita que a maconha é menos perigosa e viciante do que álcool, cigarros e opioides, além de outros vícios, como o uso de tecnologia. Além disso, uma pesquisa recente revelou que o uso de maconha é um dos poucos crimes que a maioria dos americanos considera ser penalizado de forma exagerada. Nesse contexto, há um forte apoio, tanto entre democratas quanto republicanos, para que condenações antigas relacionadas à cannabis sejam anuladas.

Além disso, uma pesquisa divulgada em julho revelou que mais americanos fumam maconha diariamente do que bebem álcool, e aqueles que bebem dizem que se beneficiariam ao reduzir o consumo de álcool mais do que os usuários de maconha pensam em relação ao consumo de cannabis.

Essas pesquisas refletem como a legalização da maconha está mudando a percepção pública e os hábitos de consumo, aumentando a pressão sobre o mercado de bebidas alcoólicas.

Isso mostra como a legalização está não só alterando hábitos de consumo, mas também impactando questões sociais e legais, forçando o mercado de bebidas alcoólicas a se adaptar a um cenário em transformação.

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